quinta-feira, 29 de julho de 2010


Joie de vivre.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Acabou o hiatus, a licença sabática que tirei da minha própria vida.

Sinto fervilhar no sangue: a força, a vontade e a resiliência. Como se todos os momentos por mim vividos tivessem convergido e conspirado para este instante. Já estive aqui outrora mas acobardei-me! Apressei-me a escrever o enredo perfeito, para enganar os olhos dos outros, e os meus também… E deleguei para mais tarde. Era mais fácil estar entre.

-“Para próxima…”

-“Daqui a uns tempos.”

Foi tempo demais que estive fora de mim.

Na minha, já característica, ânsia de experienciar a vida; sem o fardo de ter que me comprometer com decisões de índole definitiva. Na minha paixão pelo efémero e pelo mutável, cometi um erro crasso! Não compreendi que a minha renúncia a uma escolha seria muito mais castradora que a escolha em si.

Foi a dormência total do ser! Foi ter e sentir de tudo mas apenas superficialmente. Foi estar presa num ciclo vicioso e ébrio; contado os sonhos e planos a estranhos, sem de facto os ter.

Será de certo hipocrisia, se disser que não valeu a pena mas não me satisfaz. Ironicamente, o adiamento de algo definitivo assemelhasse, em muito, a uma prisão perpétua.

Agora, oiço o tilintar do gelo num copo e sorrio. Fiz uma escolha categórica. A paixão por um propósito e por um rumo definido superou a paixão pelo conforto do incerto. Quando o rumo é incerto não é possível falhar o destino. Agora, traçado o objectivo final, encaro a inquietante possibilidade de poder falhar mas não me acobardo à tentativa.


quinta-feira, 4 de março de 2010


Não existem coincidências.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


"Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na acção. 
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo,(...)"

 Reticências - Álvaro de Campos
  

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010


Hoje choveu sobre mim. Não água mas nostalgia. Não do passado mas deste meu presente.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Já tentei de tudo, hoje nada me acalma esta já familiar ansiedade. O coração bate descompassadamente, a um ritmo vertiginoso, como se soubesse algo que eu não sei.

Dispo-me de todas as máscaras mundanas! E de roupa também… Deito-me nua, no chão gelado. Observo intensamente a minha pele arrepiada. Este frio é-me agradável!

Cerro os olhos como se assim pudesse apagar as imagens que me percorriam incessantemente o cérebro. Ferro ferozmente as unhas nas palmas das mãos como se assim te pudesse esmagar para sempre. Abro lentamente estas minhas pequenas mãos e espalmo-as contra o soalho inerte, como se desta forma pudesse criar estabilidade. Aceito, por fim, que algo em mim estava irremediavelmente quebrado, tu tiveras-me quebrado mas só agora era capaz de ouvir o estilhaçar.

Como um louco, que no seu epítomo de loucura redescobre a sanidade. Como se o batimento cardíaco descompassado fosse o compasso binário de uma revolução interna já há muito conspirada. Corro desenfreadamente pelos corredores ébrios da memória e revivo, mais uma vez e com um sorriso demente, uma panóplia de momentos díspares no tempo. Faço a promessa, à partida já quebrada, de nunca mais te reviver assim.

A Lei da Inércia tivera-se definitivamente quebrado em mim. Quando levantei do chão o meu corpo frio, olhei-me ao espelho. Durante semanas e semanas a fio, o que aquele espelho reflectira fora apenas e só uma versão espectral de mim com insuportáveis ecos de ti. Surpreendentemente esse não era mais o meu reflexo. Era eu, como nunca me tinha visto. Era eu, sem ecos. Era eu, sem máscaras. Era apenas eu, sem nada.